sábado, 26 de setembro de 2015

Uma história para contar e brincar - "O Ipê-Amarelo e o Flamboyant" de Sérgio Capparelli



Li uma história chamada "O Ipê-Amarelo e o Flamboyant" no livro Balaio de Ideias, emprestado por minha diretora, que prefere ser chamada Professora Cidinha.
Me encantei com a história!!! Linda e leve... Como a primavera.
Queria fazê-la virar uma história para contar com fantoches ou algo assim. Imaginava fazer coisinhas delicadas em feltro, mas o tempo foi passando, e então apelei para o mais fácil no momento. 
Criei essa malinha para contar a história, em E.V.A. e velcro.



Queria ter decorado a história, que é bem simples, mas a forma como foi escrita sinceramente me encantou, então preferi lê-la e intervir no cenário conforme o que era lido.
Virou um "brinquedo" dinâmico, em que as figuras podem ser colocadas e tiradas.


Isso me deu tantas outras ideias para tantos outros projetos que tenho na cabeça. 
Isso pode ficar ainda melhor!!! Aguardem.
Mas por enquanto, foi o que deu pra fazer, por conta do meu tempo que está um pouco encolhido. A turminha amou e as  menininhas de casa aprovaram também.


Agora vejam só que texto lindo: Duas árvores maravilhosas, observando e refletindo sobre o tempo do Tempo! 
Após a contação pode-se abrir uma roda de conversa sobre o assunto, discutindo sobre paciência e os diferentes ritmos de desenvolvimento de cada um: "Eu não sei hoje, mas estou aprendendo"; ou de que tudo tem um tempo adequado, citando sobre não ser tempo de namoro (o que costuma ser um problema com meus aluninhos). Ainda, aproveitando a primavera, dá pra fazer uma pesquisa sobre as flores e bichos citados.

O Ipê-Amarelo e o Flamboyant

Sérgio Capparelli


  Quando floresceu pela primeira vez em julho passado, na beira do lago, o ipê-amarelo estremeceu de alegria. Passou longo tempo se olhando nas águas. Ele estava em dúvida se ele era ele mesmo, depois de tanta mudança.
  Uma menina que passava disse para sua amiga:
  "Chegou a primavera!"
  O ipê ficou ainda mais espantado, ele sempre tinha estado ali e o nome dele era ipê e não primavera. Disse então para o flamboyant ao lado:
  "Não sei o que me aconteceu. Fui dormir e acordei desse jeito."
  "Aqui, na beira d'água, a gente fica sem entender o que acontece. Só posso dizer que suas flores são muito bonitas."
  "Isso acontece com todo mundo?"
  "O quê? Ficar amarelo?"
  "Amarelo, vermelho, azul ou marrom, pouco importa."
  "Não sei dizer porque não sou muito forte em botânica."
  Os dois ficaram conversando durante um bom tempo. De vez em quando, com a desculpa da poeira trazida pelo vento, o ipê-amarelo se virava para o lado, para dar uma espiada na sua floração refletida no lago.
  Entrou setembro.
  O ipê viu um tapete amarelo no chão. E esse tapete era de flores. Suas flores. Outras flores amarelas flutuavam no lago. Hibiscos, rosas e dálias.
  Ele deu-se conta de que a primavera não havia chegado só para ele. Estava em muitos lugares. E como ele, outras plantas também perdiam flores.
  "Queria ser como você", disse o flamboyant ao ipê, "mesmo tendo de perder as flores. Elas flutuam nas águas e vão se lembrando de onde nasceram. Eu ainda não tive a alegria de florescer."
  A menina de antes pegou uma flor de ipê e com ela enfeitou os cabelos:
  "Esse flamboyant está que nem antes: sem flor nenhuma", comentou.
  O jeito da menina falar era em um tom crítico, como se o flamboyant tivesse culpa de não ter florescido ainda. Onde é que podia ter errado? E se nunca desse flores? No início tinha sentido uma ponta de inveja do ipê-amarelo. Depois, disse baixinho para ele mesmo: "Coisas mais bobas, fico aqui, inventando! Em nenhum momento essa menina quis me criticar."
  Pouco mais de uma semana depois, o ipê-amarelo tinha deixado de ser amarelo e voltara a ser verde. E os hibiscos, rosas e dálias não flutuavam mais no lago. Mas apareceram, de repente, petúnias, orquídeas, bromélias, pernas-de-moça, topete-de-cardeal, extremosas e chuva-de-ouro. Murchas, a maior parte. Mesmo assim o flamboyant parecia contente.
  "Acho que nós mudamos no mesmo tempo em que o tempo muda", ele concluiu. Entrou novembro e o flamboyant entristeceu. Começou a viver calado no seu canto.
  A menina procurou no chão uma flor, não encontrou e disse:
  "Novembro e esse flamboyant não se decide. O calor está começando. Primavera, agora, só no ano que vem."
  O flamboyant sentiu que ia desmaiar. Talvez por causa do calor. Já o ipê-amarelo agitou-se. Se a primavera voltasse no próximo ano, ele iria florescer de novo.
  No dia seguinte, bem de manhãzinha, o ipê ainda estava dormindo e o flamboyant levou um susto, ao ver o lago ensanguentado. Deu um grito, acordando o ipê. Só então percebeu que em volta dele havia ratão-do-banhado, tartaruga, jararaca, zorrilho, cupinzeiro, pica-pau, rã, garça e até um casal de cisne da patagônia. Todos olhavam para ele. Então o flamboyant olhou para o rio novamente.
  Não era sangue o que coloria o rio. Era o vermelho de suas flores refletidas nas águas do lago.
  A brisa, que vinha passando, disse que o tempo tem o seu tempo.

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É ou não é maravilhoso??

 "Acho que nós mudamos no mesmo tempo em que o tempo muda"

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